Algo praticamente inevitável na vida da mulher é a chegada da menopausa – nome dado à interrupção natural da menstruação. Ela é ocasionada pela interrupção da produção dos hormônios estrogênio e progesterona pelos ovários, o que leva a inúmeras alterações no organismo.
Segundo o Dr. Alexandre Rossi, médico ginecologista e obstetra responsável pelo ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros, o período que envolve a menopausa é chamado de climatério. “Nesta fase, que marca a passagem da fase reprodutiva para a fase não-reprodutiva, os ciclos menstruais se tornam irregulares, até a interrupção definitiva do ciclo menstrual, a chamada pós-menopausa”, explica.
O processo tem início já por volta dos 30 anos de idade, quando os ovários reduzem pouco a pouco a produção de estrogênio e progesterona, os hormônios que regulam a menstruação. Nesta fase, a fertilidade também começa a diminuir. também, a fertilidade vai diminuindo. A partir dos 40 anos, pode começar a haver alterações no período menstrual, com ciclos mais longos ou mais curtos, e também mais ou menos frequentes. Após alguns anos, virão as falhas no ciclo menstrual.
Menopausa precoce
Nem sempre a menopausa acontece naturalmente ou no tempo esperado, explica o Dr. Alexandre. “Há a chamada menopausa precoce, que ocorre antes dos 40 anos. Nestes casos, nem sempre a causa é conhecida. Pode ser uma questão genética, autoimune, infecciosa ou também por efeito de tratamentos como radioterapia, quimioterapia ou em decorrência de cirurgias”, esclarece.
O especialista revela fatores que podem ocasionar a menopausa precoce:
Remoção do útero: por diversas questões médicas pode ser necessária a remoção do útero. Nestes casos, e se também houver a retirada dos ovários, a menopausa será imediata. Caso os ovários sejam preservados, estes permanecerão liberando óvulos e produzindo estrogênio e progesterona. Mas em pouco tempo, virá a menopausa.
Quimioterapia e radioterapia: um tratamento contra um câncer que inclua quimioterapia ou radioterapia também pode induzir à menopausa. Nestes casos, a interrupção da menstruação e da fertilidade nem sempre serão permanentes. Portanto, vale conversar especificamente sobre o tema com o médico antes do início do tratamento, para verificar os detalhes e o que fazer.
Outras causas: os ovários podem deixar de produzir hormônios em decorrência de fatores genéticos, doenças autoimunes ou, ainda, sem nenhuma causa conhecida. Ainda assim, estas mulheres entrarão na menopausa, provavelmente precocemente. Após avaliação médica, pode ser indicada a terapia hormonal.
Principais sintomas da menopausa
No climatério, algumas queixas são comuns, trazendo desconforto em diferentes graus. Além disso, o ginecologista destaca que as diferenças entre o que cada mulher sente e o nível de desconforto podem ser grandes. Por este motivo, é importante que haja acompanhamento médico individualizado, para que cada mulher possa receber a melhor orientação para o seu caso, trazendo muito mais conforto e possibilitando passar por esta fase com mais qualidade de vida.
O Dr. Alexandre cita as principais queixas desta fase:
- Alterações menstruais;
- Calor (fogacho);
- Coceira, secura vaginal, redução da libido;
- Diminuição do tamanho dos seios;
- Sudorese noturna;
- Insônia;
- Alterações de humor, ansiedade, irritabilidade e depressão;
- Diminuição da autoestima;
- Ganho de peso;
- Desaceleração do metabolismo;
- Pele seca e cabelos mais finos, surgimento de espinhas;
- Diminuição da elasticidade da pele;
- Dores de cabeça;
- Aumento da porosidade dos ossos;
- Calafrios;
- Diminuição da memória;
- Fadiga;
- Incontinência urinária.
Quando procurar ajuda?
Além das consultas de rotina, o médico alerta que é importante procurar um médico caso perceba irregularidade no ciclo menstrual. Além disso, é ideal consultar um profissional se um ou alguns dos sintomas estiverem presentes na rotina da mulher.
“É possível que muitas mulheres atravessem este período sem a necessidade de qualquer intervenção, pois a menopausa é um processo natural do organismo feminino. Há, ainda, algumas dicas que podem auxiliar por meio de mudanças simples nos hábitos de vida, incluindo a prática de atividade física e a inclusão de alguns alimentos no cardápio”, acrescenta Alexandre.
Em outros casos, pode ser necessária a terapia hormonal, popularmente conhecida como reposição hormonal. Isso porque este tratamento é especialmente indicado para a redução dos fogachos, por meio da administração de estrógeno ou da combinação de estrógeno e progesterona, como explica o médico.
“Esta reposição só pode ser feita com indicação de um especialista, e após a realização de exames específicos, além da avaliação de histórico de saúde e antecedentes familiares”, destaca. Isso porque a reposição hormonal é contraindicada em alguns casos.
O especialista cita mulheres que já sofreram infarto ou com comprometimento das artérias coronárias, que possuem doença no fígado, histórico de câncer de mama, de endométrio, de AVC ou hipertensão arterial não-controlada. Para estes casos, há opções de terapias não hormonais, incluindo fitoterápicos, homeopatia e acupuntura, aponta o médico.
De olho no cardápio
Uma dieta rica em cálcio e vitamina D pode trazer diversos benefícios para a saúde. Além disso, ajuda a atravessar com mais conforto alguns dos sintomas do climatério. Por isso, o ginecologista recomenda incluir em na rotina alimentos como:
- Grãos, como amêndoas, nozes, castanhas e pistache
- Folhas verdes escuras, como brócolis e couve-manteiga
- Leite desnatado e derivados
- Peixes, especialmente atum, salmão e sardinha
- Soja e derivados, como o tofu
- Inhame
- Grão de bico
- Suco de cranberry
Como reduzir outros desconfortos
Para reduzir outras queixas, há dicas específicas que poderão proporcionar mais conforto. O Dr. Alexandre revela as principais:
Calor da menopausa: por conta da queda dos níveis de estrógeno no corpo, a sensação de calor e intensificação da sudorese podem ser amenizadas com o uso de roupas leves e confortáveis. Por isso, o ideal é optar por tecidos feitos de algodão ou próprios para a prática esportiva, evitando os tecidos sintéticos e as roupas mais justas. “A atividade física, inclusive, é excelente para melhorar as ondas de calor e aumentar o bem-estar”, afirma.
Queda de colágeno: a redução da produção de colágeno nesta fase pode levar ao surgimento mais acelerado de rugas, queda de cabelo e enfraquecimento das unhas. O médico aconselha evitar banhos muito quentes e manter a pele bem hidratada. “O filtro solar, mesmo no inverno ou para ficar em casa, é indispensável, principalmente no rosto e nas mãos”, destaca o especialista..
Relações sexuais: as queixas aqui estão relacionadas à queda da libido e redução da lubrificação, efeitos da perda da elasticidade do canal vaginal, queda de colágeno e afinamento da pele na região genital. “Para todas estas questões, o médico ginecologista poderá sugerir lubrificantes específicos ou outras alternativas para contornar o desconforto”, aponta o profissional.
Ansiedade, insônia e depressão: no climatério, diversas questões físicas e psicológicas poderão interferir no dia a dia da mulher, levando a uma série de questionamentos. Aliás, não é raro que surjam dificuldades para dormir, mudanças de humor, instabilidade emocional e outras questões. “Novamente, são assuntos que devem ser levados ao consultório do médico, que apresentará opções de tratamentos ou, quando necessário, indicará outros profissionais para um atendimento multidisciplinar”, finaliza.
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