Conhecer a taxa Selic é essencial, pois essa taxa impacta diversos setores da economia. Leia o artigo entenda como ela funciona!
Provavelmente, você já ouviu falar sobre a taxa Selic e como ela afeta os seus investimentos e a economia.
Contudo, ela é mais importante do que podemos pensar em um primeiro momento, pois impacta muito mais áreas de nossa vida.
Portanto, é essencial que conheçamos o que é a taxa Selic para entendermos a dinâmica da economia e as implicações no nosso cotidiano.
Qual é o valor da taxa Selic hoje?
A taxa Selic hoje está em 13,75% ao ano.
Na reunião mais recente, feita no dia 01 de fevereiro de 2023, o Copom, Comitê de Política Monetária, decidiu manter a taxa definida na reunião anterior.
Foi a quarta vez que a taxa não subiu depois de 12 aumentos consecutivos e, assim, a taxa se mantém no maior patamar desde 2017.
A taxa Selic é taxa básica de juros da nossa economia, pois serve de parâmetro para todas as outras taxas do mercado.
Dessa forma, uma mudança na taxa Selic hoje afeta as taxas cobradas em empréstimos, financiamentos e investimentos.
Contudo, antes de qualquer coisa, ela é a taxa que remunera os títulos da dívida do Tesouro Nacional.
Isso acontece porque o governo pode financiar seus gastos não só através de impostos e de emissão de moeda, mas também de empréstimos.
Nesse caso, ele precisa remunerar os credores com uma taxa.
Além disso, o investimento em títulos públicos é considerado o mais seguro do Brasil, pois o governo tem a capacidade de arrecadar mais impostos, emitir mais moeda e fazer mais empréstimos para quitar sua dívida.
Por isso, usa-se a taxa Selic como referência das demais taxas do mercado.
Significado de Selic
O nome Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Esse sistema é responsável pela custódia, registro e liquidação de operações com títulos públicos.
Somente o Banco Central e as grandes instituições financeiras podem negociar os títulos da dívida através desse sistema.
Diariamente, os bancos realizam operações de empréstimo entre si por meio do SELIC com o objetivo de mantar a solvência do seu balanço.
Essas transações costumam ter o prazo de um dia útil e podem ser garantidas por títulos públicos ou por Certificados de Depósito Bancários.
A taxa média dessas operações, quando lastreadas em títulos públicos, é o que chamamos de Selic Over, ou Selic efetiva.
Efetiva porque é aquela taxa que realmente está sendo praticada pelo mercado.
Para que serve a Selic e como funciona?
A taxa Selic hoje é um dos principais instrumentos de política monetária utilizado pelo Banco Central.
O Conselho Monetário Nacional define uma meta para a inflação, e cabe ao Banco Central buscar meios para cumprir essa meta.
Nesse sentido, a taxa básica serve para regular a inflação.
Como isso acontece?
Como foi dito, a Selic impacta todas as outras taxas da economia.
Se o Copom decidir diminuir a Selic, a taxa dos empréstimos, dos financiamentos e dos investimentos fica menor.
Supondo que o custo de pedir dinheiro emprestado caia, mais empresas vão captar recursos para investir em seu negócio e expandir a produção.
Assim, criam-se mais empregos. Com mais pessoas empregadas, maior será o consumo de toda a sociedade.
Em paralelo, com a queda da taxa de juros, fica menos atrativo deixar o dinheiro guardado. Assim, mais pessoas vão preferir gastar, pois o custo de oportunidade diminuiu.
Por fim, existe a facilitação de financiamento com a queda da taxa.
Naturalmente, mais imóveis e mais automóveis serão financiados, fazendo com que haja crescimento desses setores.
Nesse cenário, a demanda pelos produtos vai crescer mais rápido que a oferta.
Logo, haverá inflação, que é o aumento persistente e generalizado dos preços.
Os preços vão aumentar porque é custoso aumentar a produção para suprir uma demanda maior.
O contrário também é verdadeiro: com uma taxa de juros maior, a economia fica menos aquecida, fazendo, assim, com que diminuam os preços dos bens.
É nesse sentido que a taxa Selic é utilizada como instrumento de política monetária para controlar o índice de preços da economia.
Como a taxa Selic é definida?
Quem decide o valor dessa taxa é o Copom.
Esse órgão é composto pelo presidente do Banco Central e outros diretores, que se reúnem a cada 45 dias para definir o valor da taxa que vai vigorar daquele dia em diante.
Nas reuniões desse conselho analisam-se as expectativas para o mercado e dados macroeconômicos, como o índice de liquidez da economia, o custo da dívida pública, entre outras variáveis.
São apresentados dados técnicos aos participantes para que eles possam discutir e decidir qual deve ser a melhor decisão a ser tomada.
O objetivo deles é definir uma taxa que traga mais estabilidade para a economia considerando todos os fatores relevantes.
Assim, eles definem qual será a taxa de juros e divulgam no mesmo dia na internet.
Como é calculada a taxa Selic?
Caso os índices de liquidez da economia estejam muito elevados, o que pressiona a inflação para cima, o Copom precisa se decidir por uma taxa mais baixa.
Se estivermos com uma expectativa de desaceleração da economia, como aconteceu durante a pandemia do coronavírus, o conselho entende que o mercado precisa de um estímulo.
Inclusive, em 2020, quando estávamos passando pelo pior momento da primeira onda da pandemia, o Copom baixou a taxa para o menor patamar da história, 2%.
Com esse estímulo adicional, acrescido de uma diminuição na oferta de bens e serviços, a inflação subiu bastante, atingindo o maior patamar dos últimos anos.
Por isso, o Copom subiu a taxa Selic de forma acelerada a partir de março de 2021, com o objetivo de conter essa inflação crescente.
Esse é o racional por trás das decisões do Copom.
Se houver uma liquidez excessiva na economia, deve aumentar a taxa. Se essa liquidez estiver em falta, deve diminuir a taxa.
Impactos da taxa Selic na economia
Como foi dito, a taxa Selic impacta de diversas formas a nossa economia. Contudo, vale acrescentar mais um ponto relevante.
Lembre-se que a taxa Selic é aquela que remunera os títulos públicos, ou seja, o governo deve pagar essa taxa como remuneração ao credor.
Portanto, quanto maior a Selic for, maior será o custo da dívida do governo.
Por outro lado, quanto menor a taxa for, menor será a capacidade de captação de recursos, pois as pessoas se sentirão menos atraídas por esses títulos.
Então, o governo enfrenta um dilema, conseguir captar recursos com facilidade ou diminuir o custo de sua dívida.
Não podemos esquecer também que existem muitos investidores institucionais estrangeiros que aplicam em títulos públicos brasileiros.
Portanto, o Brasil deve ter uma taxa básica que compense investir em um país como o nosso.
É de conhecimento comum que nossa nação tem suas instabilidades políticas e econômicas.
Se nossa taxa for muito baixa, os investidores estrangeiros podem avaliar que não compensa investir aqui, depois de avaliarem a relação risco-retorno.
Por fim, não podemos esquecer que quanto menor for a taxa, mais aquecida ficará a atividade da nossa economia e vice-versa.
Como a taxa Selic afeta os investimentos?
Primeiro, vamos falar da bolsa de valores.
Nós sabemos que as melhores e maiores empresas de qualquer país estão listadas nas bolsas de valores.
Além disso, é um fato que o desempenho do nosso mercado de capitais é o desempenho das empresas que o compõe.
Logo, podemos concluir que como a taxa de juros influencia o ritmo do mercado, ela também influencia a bolsa.
Quanto menor for a Selic, maior será a ser o consumo dos cidadãos. Se estes compram mais, as empresas lucram mais.
Por isso, com uma aceleração da economia, muitas empresas alcançam resultados melhores.
Mas, lembre-se: essa taxa menor pode elevar a inflação, então o seu ganho real (acima da inflação) pode ser menor.
Existe também a questão dos retornos menores da renda fixa. Como as taxas estão menores, os ativos de renda fixa remuneram menos.
Portanto, se um investidor quiser atingir a mesma rentabilidade, terá que investir em ativos com maior expectativa de retorno, como as ações, fundos imobiliários ou fundos de ações etc.
Se mais pessoas forem atraídas para a renda variável, o valor desses ativos tende a se valorizar, pois existe agora uma maior demanda.
Calendário de reuniões do Copom 2022
O Banco Central define as datas das reuniões do Copom até junho do ano anterior. Ou seja, o calendário de 2023 foi divulgado em junho de 2022.
Atualmente, as reuniões acontecem a cada 45 dias, isto é, tem 8 no ano. Veja agora as datas das reuniões em 2023:
- 31 de janeiro e 1º de fevereiro
- 21 e 22 de março
- 2 e 3 de maio
- 20 e 21 junho
- 1º e 2 de agosto
- 19 e 20 de setembro
- 31 de outubro e 1º de novembro
- 12 e 13 de dezembro.
Sim, as reuniões acontecem durante dois dias.
Na terça-feira seguinte após a reunião, às 8 horas, o Banco Central divulga as atas das decisões do conselho. Veja a seguir as datas das publicações das atas:
- 7 de fevereiro;
- 28 de março;
- 9 de maio;
- 27 de junho;
- 8 de agosto;
- 26 de setembro;
- 7 de novembro; e
- 19 de dezembro.
Relação entre Selic e a taxa DI
No começo do artigo, falamos das operações de empréstimo entre bancos com o fim de manter a solvência da instituição.
A taxa de juros média das transações realizadas com lastro em CDI (Certificado de Depósito Interbancário) entre todas as instituições financeiras pelo prazo de um dia é chamada de Taxa DI.
Por outro lado, a Selic Over, conhecida como a taxa overnight do mercado brasileiro, é a média das taxas de juros das operações com lastro em títulos públicos.
Enquanto a Selic Over é divulgada pela SELIC, a DI é divulgada pela B3.
Na maioria do tempo, essas taxas flutuam muito próximas uma da outra, mas pode haver disparidades em alguns momentos.
A relação entre a taxa Selic e o IPCA
O IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo) é um indicador que mede a variação dos preços na economia brasileira.
Ele leva em consideração uma cesta de consumo básica das famílias que ganham entre 1 e 40 salários mínimos.
O IBGE divulga mensalmente e é o índice oficial de inflação do Brasil, utilizado inclusive pelo Banco Central para definir suas metas.
Diante de tudo o que foi dito, é fácil compreendermos a relação entre a Selic e o IPCA.
Com uma Selic maior, o IPCA tende a se retrair e vice-versa. Portanto, a taxa básica de juros é um dos instrumentos utilizados para regular a inflação.
Em 2014, por exemplo, a inflação estava em dois dígitos e o Copom definiu a taxa de juros maior que 14% para conter essa subida de preços.
Em 2019, por outro lado, o IPCA foi de 4,31% enquanto a Selic flutuou entre 5 e 6,5%.
Caso a Selic fique abaixo do IPCA, está havendo um retorno real negativo no investimento em títulos públicos.
Retorno real é aquele retorno que supera a inflação.
O ideal é que a taxa de juros fique acima do IPCA, principalmente em um país com instabilidades políticas como o nosso.
Caso contrário, os investidores não se sentirão atraídos a investir nos títulos públicos.
Histórico da Selic nos últimos 26 anos
Ao analisarmos o histórico da Selic durante algumas décadas, poderemos ter noção de todas as oscilações econômicas que passamos ao longo desse período.
Para isso, confira abaixo o histórico da Selic Meta nos últimos 26 anos:
Por que a taxa Selic hoje é importante?
Não poderemos entender as dinâmicas dos mercados e o funcionamento da economia se não entendermos o conceito de taxa básica de juros.
Além disso, como essa taxa influencia o rendimento dos investimentos, é fundamental conhecê-la para fazer uma avaliação melhor dos ativos.
Por esses e outros motivos, é muito importante conhecer a taxa Selic e todas as suas implicações.
Diante disso, busque sempre aprender mais sobre esse e outros conceitos tão importantes na nossa vida.
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